"O meu maior desafio é superar a frustração de me sentir impotente. Como mãe, a gente sempre quer proteger o filho de tudo e acha que consegue. Até que acontece algo que nos faz perceber que o mundo, muitas vezes, não os poupa de certas coisas e, por mais que a gente queira livrá-los da dor que eles sentem, ou mesmo se dar no lugar deles, não há nada que possamos fazer".
A frase é utilizada pela itaquaquecetubense Monique Perez Freitas, de 29 anos, ao falar sobre sua rotina como mãe da pequena Letícia da Silva Perez, de 7 anos, sua única filha, que em janeiro de 2015 foi diagnosticada com Leucemia Linfoide Aguda (LLA).
Segundo a dona de casa, a descoberta da doença foi um grande choque e ocorreu em um momento em que ela vivia uma das melhores fases de sua vida. "Descobrimos que ela estava doente em outubro de 2014, mas apenas em 2015 é que fomos saber qual era o tipo de leucemia. Ela teve uma febre e, como não passava, levei-a ao posto de saúde, mas infelizmente o tratamento não é tão bom, e eles me disseram que era inflamação na garganta. Uma semana depois, ela não melhorava e então levei para o Hospital Luzia de Pinho Melo, em Mogi das Cruzes, onde diagnosticaram a leucemia. Para mim, foi um baque, pois ela nunca tinha tido nada e também questionei os médicos, pois não havia casos na família", lembrou.
Com o diagnóstico, Monique precisou mudar sua rotina. Tudo para poder estar ao lado da filha e, juntas, conseguirem vencer a luta contra o câncer. "Eu estava na gerência de uma loja e até tinha conseguido colocar ela em uma escola particular. Mas acabei voltando para o cargo de vendedora, porque eram menos atribuições e conseguia estar com ela. Mas depois tive que sair do emprego, pois começou não só o tratamento físico, mas também o psicológico", contou.
Atualmente, a filha encontra-se no terceiro e mais brando estágio do tratamento, denominado "manutenção". Para a dona de casa, o otimismo e a contagiante alegria da menina têm sido fundamentais na batalha contra a doença. "Ela tem respondido bem à quimioterapia e já está se encaminhando para a cura. A gente tenta levar tudo com muito bom humor, pois a carga é muito pesada e se formos pessimistas é pior. Até mesmo a perda de cabelo, ela encarou muito bem. Acho que se não fosse isso, nós não teríamos forçar para lutar", comentou.
Com o intuito de ajudar outras mães, que passam pela mesma situação, Monique e Letícia criaram uma página no facebook, denominada "Doe Vida", onde compartilham informações. "As mães, quando entram no hospital, ficam perdidas, recebem o diagnóstico e não sabem como agir. Então resolvemos nos unir para abraçar essas mães que chegam, para que elas vejam o lado positivo, por mais que pareça que ele não existe", disse.