A pandemia do novo coronavírus afetou as atividades desenvolvidas pelas escolas de samba de Mogi das Cruzes, e, com o cancelamento dos desfiles carnavalescos, o principal evento das agremiações, todos estão enfrentando mais um ano com dificuldades financeiras. Embora a festividade tenha sido anulada em todas as cidades do Alto Tietê, os gastos essenciais para a manutenção dos grupos precisam ser pagos periodicamente. No entanto, sem os desfiles, as escolas deixam de receber verbas para quitar as despesas.
O presidente da escola de samba Unidos da Vila Industrial, Emerson Rodrigues, explicou que as contas de água, luz e internet, por exemplo, são custos que precisam ser pagos mesmo com o cancelamento do Carnaval. Para o gestor da agremiação que foi vencedora na cidade por três anos seguidos (2020, 2019 e 2018), a situação está, cada vez mais, emblemática.
"A verdade é que diversas escolas estão enfrentando uma luta financeira interna que as pessoas não conseguem enxergar. Precisamos continuar custeando a manutenção geral do local, além dos custos com água, luz e internet", destacou.
Rodrigues lembrou, ainda, que, em cumprimento às medidas sanitárias necessárias para conter a Covid-19, nenhum evento presencial pode ser realizado para ajudar com a arrecadação monetária. "Infelizmente, isso vai refletir futuramente, caso as escolas de samba fiquem endividadas. Em outras épocas em que o Carnaval também foi cancelado, todas as agremiações ficaram quebradas", relembrou.
Esta não é, portanto, a primeira vez que o evento que tradicionalmente integra a programação cultural da cidade é anulado. Nos anos de 2016 e 2017, a Prefeitura enfrentava uma intensa crise econômica e não pôde investir nos desfiles e demais eventos em comemoração à ocasião festiva. Naquele período, a Secretaria Municipal de Cultura havia informado que o custo total com a organização municipal chegava a R$ 1,2 milhão.
O montante soma os repasses para as escolas de samba, as premiações e, principalmente, a montagem e manutenção de toda a infraestrutura necessária para os desfiles. Além de Mogi, as administrações municipais de outras cidades da região deixaram de realizar o Carnaval em 2016 e 2017.
Perdas irreparáveis
Apesar dos prejuízos, algumas escolas de samba conseguem pontuar ganhos, mesmo com a pandemia da Covid-19. Este é o caso da Guerreiras do Fogo, que tem como presidente a Anete Vasconcelos. Para ela, as perdas com o falecimento de pessoas queridas em decorrência da doença foram maiores do que as registradas em virtude das questões financeiras. "É importante lembrar que somos 90% social e 10% Carnaval, portanto, mesmo com o cancelamento do Carnaval, nós não deixamos de movimentar ações para a comunidade. Acreditamos que tudo isso vai passar e, em seguida, poderemos voltar às passarelas", disse.
A escola de samba presta diversos serviços à comunidade mogiana com a ajuda de voluntariados. Para isso, realiza eventos que ajudem na arrecadação de verba, usada não só para a manutenção da agremiação, mas, principalmente, para os trabalhos junto a entidades carentes, doações alimentícias e movimentações socioeducativas.