O Senado da Argentina aprovou, na madrugada de ontem, a legalização do aborto até a 14ª semana de gestação. Já confirmada na Câmara dos Deputados do país, a medida foi aprovada no Senado por 38 votos a 29, após 12 horas de debate, confirmando uma das promessas de campanha do presidente Alberto Fernández.
Segundo a agência oficial Télam, profissionais que não concordem com a prática podem invocar objeção de consciência.
O Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, criticou a decisão. Em sua conta pessoal no Twitter, o chanceler chamou a prática de barbárie e afirmou que o Brasil permanecerá na vanguarda do direito à vida.
"O Brasil permanecerá na vanguarda do direito à vida e na defesa dos indefesos, não importa quantos países legalizem a barbárie do aborto indiscriminado, disfarçado de saúde reprodutiva ou direitos sociais ou como quer que seja", escreveu, compartilhando uma reprodução de uma matéria do jornal El País.
Após a aprovação, milhares de pessoas se concentraram ao redor do Congresso para comemorar, mas vários grupos criticaram o resultado.
Primeiro país
Com a aprovação, a Argentina se torna o primeiro grande país da região a permitir o procedimento, que até então era autorizado em Cuba, no Uruguai, na Guiana e em partes do México - antes disso, o aborto legal só era permitido se a mulher sofresse estupro ou estivesse em perigo de vida.
O projeto foi uma iniciativa do presidente Alberto Fernández, com quem o governo do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem uma relação conflituosa.
O presidente brasileiro lamentou publicamente a eleição do colega argentino. Foram necessárias intensas negociações diplomáticas para que os presidentes travassem diálogo pela primeira vez, o que aconteceu em uma videoconferência no dia 30 de novembro deste ano. Na ocasião, Bolsonaro estava acompanhado do Ministro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo.