Para se eleger é necessário que um governante tenha votos e esses votos são a base em que se sustenta. Ao votar o eleitor confere um mandato ao governante e quanto maior o número de mandantes maior a representatividade. Bolsonaro foi eleito em um contexto eleitoral em que muitos não votaram nele, mas contra o Partido dos Trabalhadores (PT). Isso porque o Brasil há pouco tinha impedido Dilma, presidente reeleita pelo PT.
O anseio da maioria da população era de mudança e não continuidade do estilo de governo petista. Havia um grande anseio pela moralidade administrativa e o combate à corrupção, mudanças desejadas e até personificadas em personagens como o então ministro Sérgio Moro.
Hoje o Brasil vive uma crise sanitária e econômica e a percepção é de que não há comando, não há gestão e principalmente resultados. É na crise que se revela a capacidade de um governante. Por essa razão os questionamentos, a insatisfação e o desejo de mudança aflora. Não se trata de ideologia ou preferência política, mas de bem estar individual e coletivo. A pandemia impôs a realidade de que não basta apenas você estar bem é necessário que a sociedade esteja bem.
É essa percepção imposta pelos fatos que isolou Bolsonaro, que foi obrigado pela verdade a apoiar a vacinação, ainda que da boca para fora. Mas nada foi feito pelo governo federal para imunização e agora colhe os frutos de sua inércia. Não há ninguém, em sã consciência, que rejeite a hipótese da vacinação como meio de retorno à normalidade. A bravata, o discurso e a fala desacompanhada de resultados gerou descrédito e Bolsonaro é como uma pluma, levado, sem rumo, pelos ventos da verdade que se impôs.
Sem base, não tem sustentação e perde apoio em razão de sua ingerência na crise sanitária e nos reflexos econômicos da retração da atividade, não por desejo das pessoas, mas pela cautela e temor daqueles que enterram pais, filhos, avós, amigos e vizinhos vitimados pela Covid-19. Como a vida é única, a maioria prefere preservá-la e quem a despreza, com atitudes e palavras, fica isolado. O isolamento que tanto combateu se impôs por sua ingerência da crise sanitária e econômica.