Com o sistema funerário pressionado pelo agravamento da pandemia do coronavírus, a gestão Bruno Covas (PSDB) começou ontem uma operação para abrir 600 valas por dia na capital paulista. A Prefeitura de São Paulo também estuda a construção de um cemitério vertical e planeja fazer convênios com crematórios de municípios da Grande São Paulo.
Historicamente, a cidade realiza entre 240 sepultamentos (primavera e verão) e 300 (outono e inverno) por dia. Já os dados mais recentes do boletim da Prefeitura apontam que, desde março, a média subiu para mais de 315 casos, com recorde de sepultamentos registrado no período. E cientistas alertam que há tendência de alta para mortes por Covid nas próximas semanas, o que impacta de forma direta na demanda do serviço funerário.
"Todos os estudos apontam para uma maior demanda de sepultamentos no país nos meses de abril e maio", afirmou o secretário de Subprefeituras, Alexandre Modonezi, ao Estadão. "Com base nisso, estamos ampliando a abertura de valas diárias para estarmos preparados, caso ocorra esse aumento "
Mesmo com a recente escalada de óbitos por Covid, nenhuma necrópole municipal estaria próxima do esgotamento e ainda haveria capacidade para outras ampliações, segundo a Prefeitura. A medida atual, no entanto, está prevista no Plano de Contingenciamento do Serviço Funerário, elaborado no ano passado, que antecipa cenários e prevê ações por etapas para evitar colapso no sistema.
A meta é evitar que São Paulo registre episódios como o de Manaus, onde corpos chegaram a ser enterrados em valas coletivas durante a pandemia. "Hoje, não corremos risco (de colapso)", disse Modonezi. "O nosso principal objetivo é oferecer dignidade às pessoas, sempre com sepultamento individual."