Jazzmin's traz força criativa e vivências para o Sesc Mogi

A Jazzmin's Big Band foi a primeira Big Band brasileira composta unicamente por mulheres. Amanhã, a partir das 20 horas, elas se apresentam no Sesc Mogi das Cruzes. Com 17 integrantes, a banda surgiu em 2018 em São Paulo e já tem dois projetos, "Quando te Vejo", primeiro CD lançado em 2021, e "Feminina", novo projeto, unindo influências de música popular brasileira, música clássica e jazz.

O grupo surgiu das observações de Lis de Carvalho e Paula Valente, professoras da Escola de Música do Estado de São Paulo (Emesp), sobre o papel da mulher na música clássica e popular. "Observando a realidade das estudantes de música, de falta de espaço, nos colocou em contato com muitas mulheres e influenciou nesse desejo de criar um espaço", contou Lis, que também é pianista.

"Nesse projeto 'Feminina', a gente está procurando valorizar a mulher compositora, valorizar também as mulheres arranjadoras. Temos uma ótima arranjadora no grupo que é a Gê Côrtes. A gente toca dois arranjos dela", explicou Lis. A Jazzmin's sempre teve preocupação com a diversidade e representatividade feminina, valorizando também artistas mulheres, com parcerias com compositoras.

De acordo com Lis, "o cenário das Big Bands antes da Jazzmin's tinha 0% de representatividade feminina". Ela também afirmou que, mesmo na música popular a desproporção de mulheres também era grave, mas a representatividade tem melhorado gradualmente. "Depois da Jazzmin's esse cenário já mudou. A gente já consegue ver a presença feminina em algumas Big Bands", conta.

Sobre reação do público, Lis disse ter recebido depoimentos emocionados de muitas mulheres. "Nas primeiras apresentações algumas mulheres vieram falar com a gente chorando, com a emoção de assistir a 17 mulheres fazendo um trabalho musical".

Apesar de receber apoio, a banda ainda enfrenta resistência. "Tem gente que visivelmente não aprecia o trabalho e nem ouve direito, já tem uma negação, e é em relação à mulher na música, especialmente a mulher que toca instrumentos de sopro", explicou Lis, enfatizando que na música clássica ainda existe a crença de que alguns instrumentos são masculinos.

"Há comentários maliciosos, já fomos chamadas de a Big Band das cotas de forma irônica", revelou. O comentário se refere ao fato da banda incluir musicistas de diferentes estilos, idades, gêneros musicais e, por ser, uma banda feminina.

Segundo a pianista existem muitos desafios para as mulheres na música clássica. "Quando a gente pensa, por exemplo, em mulheres compositoras, elas são muito pouco tocadas no repertório de música clássica, nas salas de concerto, pelas grandes orquestras". Outros desafios ligados ao gênero, incluem a falta de espaço em orquestras para mulheres instrumentistas e na regência. Mas ela se mantém positiva com relação ao futuro da mulher na música, aconselhando ainda que as jovens musicistas não desistam e procurem fortalecimento em coletivos femininos.